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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Palavras de uma amizade abortada

Desenharam teu rosto bordado num sorriso esplêndido e como plano de fundo, havia um mundo colorido típico de sonhos infantis. Engraçado é que eu sempre nos imaginei juntas em um mundo feito aquele, abraçadas e sendo o que sempre fomos: amigas. Pareceu-me estranho que a perspectiva de um outro alguém que mal te conheces fosse tão semelhante à minha, talvez seja isso que o teu encantamento provoca nas pessoas que te cruzam o caminho, pena que esse encantamento não durou tanto quanto imaginava em mim. E de repente senti tanto a sua falta que até peguei o telefone e disquei teu número que era um dos poucos que eu sabia de cor... foi então que me lembrei das tantas coisas que eu sabia a seu respeito e sequer por um segundo havia esquecido. E me veio aqueles flashes rápidos, intensos  e todos ao mesmo tempo me confundindo em um turbilhão de emoções que me foram presentes ao longo dos anos ao seu lado. E os momentos finais me machucaram como nunca porque só agora, depois que tudo passou, percebo quanta dor se esconde no fim de um grande amor. Foram tantos momentos, tanto sentimento bonito que o dia-a-dia matou. Ficaram pra mim a saudade, a mágoa, a decepção...Em meio a isso tudo, quando já estava prestes a te telefonar lembrei que assim como eu havia me mudado, você mudou o seu número de telefone. E num passe de mágica tudo que nos ligava foi sumindo junto com o seu número que eu havia decorado. E eu não tive mais raiva, mágoa, nem sequer saudade; o que me veio foi um vazio absurdamente grande, daqueles que só um grande amor sabe deixar no coração de quem amou muito um dia. É difícil encarar a vida, porque aquele amor era uma espécie de suporte. Mesmo nos piores dias, eu sabia que vc estava ali, mesmo que me odiando, estava ali e eu estava ali também pra você. Era amor, era amizade, era irmandade. Me pergunto como é possível tudo ter se desfeito se amizade é algo tão sagrado que se torna infinito. Queria te olhar nos olhos e te abraçar, sentir que esse amor não morreu dentro de mim, mas é tarde e minha nostalgia dá espaço a outros anseios que nem lhes são sabidos. Toca kid abelha: "Nosso amor se transformou em 'bom dia'." E como num desfecho preparado pelo destino, eu me vejo obrigada a escrever e jogar tudo o que me vem à cabeça pra fora em forma de palavras.






Rio de Janeiro
Hoje é 23 do 3
Como vão as coisas
De mês em mês
Eu me sento pra escrever pra você
Eu reformei a casa
Você não soube disso
Nem das outras coisas
Sabe eu tive um filho
Faz tempo que eu me perdi de você
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
Eu deixo em algum canto (2x)
Eu vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São estórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você
Eu fico imaginando
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
Eu deixo em algum canto (2x)
E as pilhas de envelopes
Já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço
Fazem montes pela sala
E hoje são a minha cama
Minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
Eu deixo em algum canto (4x)

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